sábado, 12 de maio de 2012

O Tempo e as oportunidades

Theodor Galle - Opportunity Seized, Opportunity Missed 1605
A veces esperando las oportunidades
no se ven y se tira todo a la marchanta (...)
(...) La culpa es un invento muy poco generoso,
y el tiempo tremendo invento sabandija,
será que será suficiente con que uno elija, 
porque si no la buena fortuna pasa de largo (...)

A boa escolha dentro do tempo pressupõe a ocasião. Estamos diante da figura mitológica da fortuna, que pode ser boa ou má – dependendo da escolha que se faça. Eleger implica indagarmos ao destino o porquê, o como e o quando, dos quais Calamaro nos fala na canção Las oportunidades (CD, El Cantante). Aqui em nosso pago temos um dito popular que remete à Fortuna, e que diz: O cavalo não passa encilhado duas vezes no mesmo lugar. Ou boleamos a perna e montamos ou já era.

O tema sempre foi antológico e igualmente atual. No Novo Testamento, em Mateus, 25, temos o exemplo das dez virgens - cinco virgens prudentes e cinco virgens meio amalucadas – e ainda ali mesmo temos a famosa passagem dos dez talentos. Por outro lado, mas na mesma senda, merece lembrar as belíssimas ilustrações de Teodoro Galle,  que datam do século XVII e se destinavam a facilitar a pedagogia dos jesuítas. Numa destas pranchas aparece uma escritura dizendo algo mais ou menos assim: o tempo   e a oportunidade são fugazes, e não podemos detê-los, logo, esperar por eles para tentar trazê-los de volta, é o mais provável dos insucessos.

Ora, o tempo que se vive em Jaguarão é o tempo do encontro com a cidadania, o tempo em que aqueles que contribuem para a comunidade – seja com o trabalho, seja com os impostos – encontram-se com a prestação do serviço público, com a ampliação das oportunidades de emprego e moradia, enfim, com a oportunidade de uma vida digna.

Por que faz parte do bom jogo da democracia, avaliarmos periodicamente o desempenho de nossos governantes, o horizonte da escolha tem sua ocasião fictícia anunciada para uma data, como se esta fosse a ocasião, a oportunidade, a fortuna, da qual falávamos acima. Na verdade, a ocasião de avaliarmos a vida que estamos levando é enquanto a estamos vivendo e é neste jogo que sabemos o que é politicamente oportuno e o que é oportunismo político. Portanto, retornando definitivamente à Andrés Calamaro, o como, o quando e o porquê, são demasiadas perguntas, se entendermos bem que antes de começar a correr, primeiro é preciso aprender a caminhar. Jaguarão está caminhando bem, assim eu penso.

Sérgio Batista Christino

Texto publicado na coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional - 02/06/2012 

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