sexta-feira, 10 de maio de 2013

Montevideo - Ciudad de Todos los Vientos

Do Sul21

Montevideo quince de noviembre
de mil novecientos cincuenta y cinco 
Montevideo era verde en mi infancia 
absolutamente verde y con tranvias
Dactilógrafo, Mario Benedetti

Entre as capitais do continente, Montevidéu pode parecer distinta, em um primeiro olhar, por certos fatores: é a capital mais ao sul da América, já que se localiza um pouco abaixo de Santiago do Chile e Buenos Aires; é banhada, em sua costa, por duas águas que se encontram e se misturam, a do Atlântico e a do Rio da Prata. Para o turista que por ali permanece poucos dias, Montevidéu é a cidade dos prédios antigos, do vento frio que sopra do Rio e, às vezes, a que se confunde com o próprio país. Aos olhos do morador, que cresceu enquanto crescia Montevideo, talvez seja uma cidade que destoe do que se pensa de uma capital latino-americana. Mas, como disse um dia o poeta e escritor argentino Jorge Luis Borges, a cor de uma cidade é mais uma invenção estrangeira, uma impressão dos que não vivem ali, do que algo pensado por seus habitantes.

Em um continente em que as capitais se diferem explicitamente, algo deve ter Montevidéu para ser vista como ainda menos semelhante às demais. Além da sua organização urbana – uma cidade iniciando pelo porto, voltada ao mar – a afirmação se refere também ao estilo de vida da sua população. Seus habitantes (hoje quase um milhão e quatrocentos mil) reconhecidamente vivem sem pressa – mesmo que nas últimas décadas os montevideanos tenham corrido mais, como aconteceu na maior parte do mundo. As avenidas antigas do Centro e as largas ramblas que contornam o litoral dificilmente enfrentam congestionamentos – problema comum das demais metrópoles latino-americanas. Nas ruas centrais, o pedestre ainda encontra a tentação de diminuir o passo e entrar em um dos tantos cafés ou pequenos restaurantes da área, ainda que parte dos famosos bolichos da capital, autênticos símbolos da cidade nas primeiras décadas do século passado, tenham perdido espaço na modernidade. Nos calçadões das ramblas, no entanto, são muitos os que escolhem o caminho para correr, andar de bicicleta ou sentir a brisa do Rio da Prata.





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