sábado, 21 de fevereiro de 2015

Habemus Cine

Por Jorge Passos

Estes dias, fiquei impressionado com um vídeo que vi , produção dos alunos de Produção e Política Cultural  da Unipampa. Ana Barbara Klenk Serra, Leandro Vieira de Amorim, Luma Reis Ferreira, Marcela Hernandes Pedreira, Marjorie Mendonça C. Fernandes e Magno da Costa Paim realizam um projeto de um curta-metragem de ficção que será realizado em Jaguarão. O filme acompanha a vida e rotina de Lóri (24 anos) uma mulher que ao se descobrir grávida desenvolve os cinco estágios da Morte/Luto e não consegue compartilhar o segredo com ninguém. Na construção da personagem elaboraram um ensaio de aproximadamente 5 minutos e  que está disponível no You Tube, busquem pelo nome “Pesquisa Estética- Fluxo”.

Provoquei o confrade Sérgio Christino, colaborador desta coluna, meu filósofo particular , estudioso de Hegel, e meu parceiro  fundamental na edição do Barqueiro do Jaguarão, para se manifestar sobre o referido trabalho dos meninos da Unipampa. Compartilho com vocês, caros leitores amantes do cinema, suas impressões: 

"Vendo este ensaio/pesquisa lembro de uma dificuldade apontada em um documentário que assiti en passant outro dia no Arte 1. O trabalho do crítico de cinema traz esta armadilha que eu só tinha percebido ao comentar "O poeta é o caranguejo que pulou do balde".

De fato a dificuldade está em ter de expressar algo, usando uma linguagem diferente daquela a respeito da qual se quer expressar este algo. Há coisas que são da linguagem visual e ponto. Não adianta você querer descrever o que sente quando vê um vídeo em que aparecem os ângulos formados pelos pingos de chuva rebatidos pelo teto de um automóvel, muito menos você escrever a respeito de como são estes-pingos-estes-ângulos-este-teto-de-carro-esta-chuva-esta-pessoa que-experimenta-o-delírio-visual.

Como ensaio/pesquisa ele - Fluxo - é tocante, mesmo que não se saiba que tem um argumento (inquietaçao da gravidez) e mesmo enfrentando esta dificuldade do crítico que menciono, o impacto é o de um aquecimento ideológico (no bom sentido), para captar a mulher/natural em seu isomorfismo gestáltico: útero-espaço-dentro-fora.

O que está dentro é o mesmo que está fora, ou seja a vida. Esta coisa do espaço e da natura - mater/madeira/maternidade/mãe/árvores em bosque, são muito tocantes.

O espaço está duplamente significado, certo? Dá pra ver nas tomadas junto à natureza e nas tomadas de signos urbanos - quer cena mais aberta e mais fechada ao mesmo tempo que aquela do Bloco do Janjão. Toda a abertura de movimento e sons da festa de rua e a expressão da personagem - que carrega em sua histriônica expressão facial toda a clausura, toda a expectativa enigmática que nada revela, apenas sugere.


Tem, ainda, uma coisa de ar, de respiração, de pulmão, de estrutura para conter o ar que paira e que não sei explicar!!!!!"

Publicado na Coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 11/02/15



sábado, 14 de fevereiro de 2015

Reflexões Fundamentais

Por Carlos José de A. Machado

O imediatismo do cotidiano de nossas vidas acaba levando muitas pessoas a não usarem a capacidade de utilização de uma arma fundamental para a transformação da própria existência.  A possibilidade de enxergar além daquilo que parece ser, de redirecionar nossa vida se assim for necessário. É pensar novos caminhos e não acreditar que é impossível.     

Existe uma parábola que nos ajudará a entender onde quero chegar “Havia uma corrida de sapinhos onde o ganhador seria condecorado com uma grande premiação.  Mas o público que estava ao redor (achando impossível os sapinhos chegarem  até o final da pista sem desistirem,  uma vez que era muito longa) gritava e ironizava os sapinhos: - Vocês não vão conseguir, vocês não vão conseguir....   E pouco a pouco cada sapinho ia desistindo. Permanecia apenas um. Que, parecendo não dar bola para o que o senso geral dizia, seguiu em frente até chegar ao final.  Foi aí que todos perceberam que o  sapinho em questão não os escutava pois era surdo.”

Ora, é assim que muitos de nós, homo sapiens agimos.  Acreditamos que isso e aquilo é impossível.  Por isso é preciso, eventualmente, pararmos e “taparmos nossos ouvidos e olhos” tão acostumados com o dia a dia, e refletir sobre os acontecimentos.  É necessário utilizar aquela arma que citei, que nada mais é do que a Reflexão Filosófica.  Pensar de forma radical, rigorosa e global sobre os fenômenos que acontecem (para usar um conceito da filósofa Marilena Chauí). 

É claro que não precisamos direcionar esta nossa arma para tudo. Mas é fundamental, de vez em quando, utilizá-la com vigor. Claro que,  sem dúvida,  no nosso IMEDIATISMO  seria uma coisa quase “impossível” (não é mesmo?),  uma vez que não paramos para as coisas MEDIATAS (que servem a um propósito maior, ou a um alcance um pouco mais adiante).  O normal é pensarmos: “Quando não tiver nada pra fazer aí então eu paro para  uma reflexão deste gênero”.  Só que aí já poderá ser tarde ou nossa vida já ter andado um longo caminho sem melhoras substanciais.   E daí, acaba-se vivendo “a vida que nos é dada, da forma que nos é colocada”, o que não nos difere de forma significativa dos demais primatas.  

Estas pequenas grandes paradas para a reflexão filosófica é que servem para as grandes transformações de nossa vida, de nosso cotidiano e de nosso mundo.   Se isto não for importante então realmente, não precisamos da FILOSOFIA.  Afinal não “vamos conseguir”, certo?
 
Publicado na Coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 04/02/15

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Nautilus


No meu barco-corpo
Anfibiamente
Naveguei o Jaguarão

Ao outro lado do rio
Me percebi
Andar escasso de poesia

Zumbido a estibordo
rasante a bombordo
Sobrevoante à proa

Haverá paraíso sem mutuca?

Clandestino - Gilberto Isquierdo e Said Baja

  Assim como o Said, milhares de palestinos tiveram de deixar seu país buscando refúgio em outros lugares do mundo. Radicado nesta fronteir...