sábado, 5 de dezembro de 2015

Poema no meio do mundo


Para Enrique Bacci

          Está certo que a vida é uma sucessão
          E que virão os novos
- que já fomos um dia –
Para nos substituir.
É a lei da vida. Imutável em nossa mutação.
Mas não é justo sairmos de cena
Enquanto ainda há aplausos,
Mesmo que sejam esparsos
E de lugares distantes na plateia.

Pois eu te recordo, Enrique,
Com tua voz suave de metálicas sonoridades,
Com tua poesia de infinitos transvias,
Todos partindo de tua enigmática Paso de los Toros,
Cruzando sem passaporte as fronteiras
De países e de espíritos
Todos sedentos de vida e de utopia.

Eu te recordo, Enrique
Amigo de cafés montevideanos
Onde nunca estivemos juntos.
Mas onde, eu sei, sempre estivemos
Conversando sobre a magia das palavras,
Divagando sobre Quixotes e amores felinianos,
Perdidos – eles e nós – no meio do mundo
Em Midland, Enrique... em Midland.

Martim César Gonçalves






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