sexta-feira, 6 de junho de 2014

A Incrível Odisseia de um cão uruguaio rumo à Copa do Mundo no Brasil

O  "cachorro da Copa" é uruguaio. Chegou ao Brasil faz poucos dias e a historia de sua travessia é incrível. No balneário Solís, Uruguai, juntou-se a um grupo de torcedores ingleses e os acompanhou  no trajeto de 600 quilômetros a pé até Porto Alegre.

Os ingleses com carrinhos de golfe e "Jefferson" ao lado, pelas estradas do Uruguai e Brasil
EDUARDO DELGADOjun 5 2014 - El País Digital - UY

Quatro "mochileiros" ingleses que viajaram para Mendoza, Argentina, em março, com o propósito de continuar a pé a travessia para assistir ao Mundial de futebol no Brasil, percorreram o território uruguaio caminhando, e na sua passagem pelo balneário Solís lhes saiu ao encontro um cachorro.
Assim conheceram o "Negro", uma cruza de Labrador, que começou a seguir os torcedores.
Os ingleses, ao notar que o cão não lhes perdia a pisada, deixaram de dar-lhe comida. Porém, o "Negro", que talvez somente buscasse um pouco de carinho, os seguiu até o Chuy e atravessou com eles a fronteira para o Rio Grande do Sul, até chegar a Porto Alegre.
No caminho, os torcedores se afeiçoaram ao animal, incorporaram-no à viajem, batizaram-no com o nome de "Jefferson" e o vestiram com uma camiseta da seleção inglesa.
Enquanto isso acontecia, Ignacio Etchetchury, proprietário do cão, começou a preocupar-se ao ver que o "Negro" havia desaparecido. O jovem, que estuda agronomia em Montevidéu e que estava acostumado aos desaparecimentos esporádicos de seu cão (seguindo às fêmeas no cio), estranhou que passassem os dias sem que o " Negro" voltasse. O havia criado desde filhote, desde que o ganhou de presente na Escola Agrária de Rocha onde estudou por um tempo.
Alguns dias depois, um amigo avisou-o que lhe parecia "ter visto o cachorro" numa matéria que um canal de TV de Maldonado fez com os ingleses em sua passagem pelo departamento. O "Negro" é muito chamativo já que, por seu cruzamento, nasceu e conserva o pelo meio grisalho.Etchetchury viu logo depois uma foto num jornal de Piriápolis, na qual identificou o "Negro" junto com os ingleses.
Assim, soube onde e com quem estava seu cachorro de estimação. contactou-os pelo Facebook -onde os ingleses criaram a página Walk to the World Cup- ( Caminhando para a Copa) e a meia noite de ontem (04 de junho) partiu com destino a Porto Alegre para reencontrar-se com o animal e trazê-lo de volta à casa. O jovem tomou um ônibus no Terminal das Tres Cruces para chegar a Jaguarão, na fronteira, e dali seguir caminho até Porto Alegre, onde deverá chegar antes da segunda -feira. Até esse dia estarão na capital gaúcha os quatro torcedores ingleses: Adam Burns (27), David Bewick, (32), Pete Johnston (30) e o jornalista Ben Olsen (31), o qual, em Buenos Aires se somou a essa travessia a pé.
Em Porto Alegre,os ingleses procuravam uma família para alojar o cão, quando o dono legítimo os contactou pelo Facebook, intercambiando mensagens. Agradeceu-lhes que tivessem cuidado do animal e combinou que iria buscá-lo. A historia do cão e sua incrível travessia foram recolhidas nos últimos dias pela imprensa de fala inglesa.
Os quatro ingleses levam suas bagagens em carrinhos de golfe, para evitar o peso demasiado nas mochilas, e em sua jornada procuram arrecadar 20.000 libras para a Fundação J de V Arts Care Trust (que segue os ideais da escultora Josefina de Vasconcellos), indica a página desta organização beneficente e a dos próprios viajantes. Pretendem que esse dinheiro seja destinado a construir um poço d'água numa zona da Bahia " que está sofrendo a pior seca em 50 anos", dizem eles.
"Somos fanáticos torcedores ingleses, desesperados por ver a Inglaterra na Copa do Mundo do Brasil , mas também ver o Mundial 2014 como uma oportunidade para ajudar uma mui digna causa, como a de J de V Arte Care Trust, uma organização beneficente que está muito perto de nossos corações", disse David Bewick à página da FA (Associação Inglesa de Futebol).
"A seca no nordeste do Brasil já afetou 10 milhões de pessoas e na Bahia, um milhão de cabeças de gado vacum, o equivalente à metade do rebanho do norte, morreu", acrescentou Adam Burns.
Os ingleses, na sua longa travessia para o Brasil, pela Argentina e pelo Uruguai, caminharam três dias pelo deserto de San Juan, dormiram em duas estacões de trem abandonadas, foram detidos pela policia em três ocasiões e jogaram cinco partidas de futebol em diferentes lugares (perderam duas e ganharam três).
"Os dias no deserto (de San Luis, Argentina) foram os mais difíceis até agora. Não havia sombra, tivemos que lidar com serpentes, tarântulas, mosquitos gigantes e dormir em estações de trem abandonadas ", escreveu Adam Burns no seu diário de viajem no FaceBook. A travessia dos ingleses se fez mais amena quando chegaram ao território uruguaio, onde recorreram a costa a pé, de Colonia a Rocha, e terminaram encontrando no caminho o seu mascote que os acompanha fielmente.
Chamaram-no de "Jefferson", depois de ter discutido outros nomes possíveis para o cão, como "Bobby Charlton" e "Wayne Rooney".
Mas o cachorro celeste, na realidade, chama-se "Negro", como Andrade, como Obdulio Varela, o "Negro Jefe", capitão da esquadra que calou o Maracanã em 1950.

Fonte: http://www.elpais.com.uy
Tradução: Confraria dos Poetas de Jaguarão

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